VÍDEO-DRIVE WORKSHOP INT. DE TERAPIA SEXUAL SISTÊMICA/14
A APRTF promoveu nos dias 28 e 29 de Março de 2014 o Workshop Internacional “TERAPIA SEXUAL SISTÊMICA”, com a Psiquiatra e Psicoterapeuta Sistêmica Italiana, Dra. TERESA ARCELLONI.\n\nO evento ocorreu no Auditório do Bloco Azul da Universidade Positivo, em Curitiba – PR e foi um sucesso atingindo um total de 286 participantes, vindos de todas as regiões do Brasil.\n\nUm pouco sobre TERESA ARCELLONI: reside em Piacenza, Itália, onde desenvolve atividade clínica no âmbito da psicoterapia individual, de casal e de família. Envolvida na formação desde 2000 como professora da escola de pós-graduação do Centro de Terapia Familiar de Milão, é membro do corpo docente da Episteme, em Turim. Seu interesse específico na clínica e na pesquisa são os aspectos da dinâmica relacional do casal ligados à comunicação sexual e ao gênero. Além de autora de vários artigos em revistas especializadas tem traduzido e editado a obra de Ulrich Clement “Terapia Sexual Sistêmica”. Nas universidades italianas, estrangeiras e institutos, especialmente no Chile e no México, organizou e ministrou inúmeros cursos e seminários sobre questões relacionadas com os problemas sexuais do casal.\n\nO evento teve como proposta fomentar a área e trazer aos nossos associados e demais participantes temas de interesse e atualização, com o objetivo de construção de um espaço de aprendizagem e compartilhamento, através do Workshop Internacional sobre TERAPIA SEXUAL SISTÊMICA.\n\nO tema foi em si instigante. TERESA ARCELLONI, nossa palestrante, lembra que a sexologia tem permanecido, paradoxalmente, como um tipo de oferta paralela à terapia sistêmica, como se houvesse a impossibilidade de uma leitura relacional séria da sexualidade. É com seu debruçar sobre as questões teóricas e práticas – que se estendem do social ao privado – envolvendo a sexualidade do casal e seus desafios para o Terapeuta, que irá nos brindar neste Workshop.\n\nO Programa Científico do Evento contemplou os seguintes temas:\n\nSexo e Sexualidade\nSexualidade e Terapia Sistêmica\nMitos Sexuais Culturais\nComunicação e Des-comunicação no Casal\nCuidado e Diferenciação\nO mínimo Denominador Comum Sexual\nCasos Clínicos ( Um casal sem sexo)\n\nO Terapeuta e a Terapia Sexual Sistêmica\nBiografia Sexual\nIntervenções e Técnicas da Terapia Sexual Sistêmica\nO Duograma\nCasos Clínicos (Um casal sem desejo; Um casal com muito sexo)\n\nHouve a TRADUÇÃO CONSECUTIVA durante todo o evento pela Terapeuta de Família CYNTHIA LADVOCAT do RJ.\n\nO evento teve como público alvo: Profissionais da Psicologia, Saúde, Educação e Ciências Humanas. Interessados no tema da sexualidade.\n\nUm pouco mais sobre a Terapia Sexual Sistêmica:\n\n“Nunca soube de um terapeuta que tenha tomado a decisão de não abordar o tema do sexo em terapia , assim como nunca me aconteceu atender um cliente que se recusasse a falar sobre sua vida íntima. Entretanto terapeutas sistêmicos não tem feito do sexo um argumento estruturado de sua reflexão clínica.\n\nCuriosamente, a sexologia permanece um tipo de oferta paralela à terapia sistêmica, como se não se pudesse fazer uma leitura relacional séria da sexualidade. A definição de “terapia sexual sistêmica”, na sua imediatez, alude à complexa operação de recuperação da terapia sexual, organizada dentro do enfoque sistêmico. Os tempos amadureceram. Para os pioneiros da terapia familiar não havia lugar para sexo, nos anos 50 falar sobre sexualidade, que não em termos educacionais, seria desestabilizador. Na década de 1960, o ponto de viragem: o feminismo e a revolução sexual trouxeram para o primeiro plano a sexualidade que era para ser exercida nos trilhos da igualdade dos sexos, a fim de chegar a ideia libertária de autodeterminação para a própria vida sexual.\n\nPermanecendo dentro desta descrição, poderíamos dizer que, neste momento, a psicologia relacional perdeu o trem da terapia sexual: Masters e Johnson (1966) organizaram o tratamento de distúrbios sexuais no paradigma funcionalista, com uma metodologia baseada na observação experimental e tratamento do sintoma, uma perspectiva de fora do mundo sistêmico que, precisamente, em tantos anos, argumentava vigorosamente que os problemas são problemas relacionais e que o sintoma faz sentido de existir como ato comunicativo.\n\nIsso criou um campo de divisão artificial e paradoxal: a sistêmica se apropriou da terapia relacional do casal, e a terapia sexual funcional virou-se para o sexo do casal como se fosse possível tratar um casal independentemente da sexualidade ou tratar o sexo independentemente do casal. O reforço à leitura funcionalista foi dado pelo impulso médico-organicista que contava com o respaldo da pesquisa farmacêutica voltada para a solução do sintoma. Hoje a “mecânica” do sexo alcançou níveis inimagináveis de refinamento, no entanto, estimuladores, cremes vaginais e tratados de educação sexual são impotentes diante da insatisfação das pessoas a respeito de sua vida sexual.\n\nO problema que casais trazem, ao solicitar uma terapia sexual, centra-se na redução do desejo: tecnicamente se pode ter sexo, mas não se entende bem se vale a pena fazê-lo e até mesmo não mais se percebe com clareza qual é a posição do outro. Este contínuo questionar a própria posição na relação sexual, de olho na reação do outro, move então o foco sobre a dinâmica do casal. A este nível se recupera o discurso relacional, que evidentemente sempre existiu, mas que hoje é fundamental para dar um significado para os laços que nós construímos”.